Os alertas pela epidemia de dengue que atinge a maior parte da América Latina, com mais de 2 milhões de casos clínicos e mais de mil mortes, foram elevados pelo crescimento considerável da incidência da doença em países como Brasil, Paraguai e Colômbia.
As últimas estatísticas da Organização Pan-americana da Saúde (OPS), atualizadas no dia 15 de novembro, indicam que neste ano foram registrados mais de 32 mil casos de dengue hemorrágica, a variedade mais grave da doença transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti.
O Brasil é tradicionalmente o país com maior número de casos em toda a América Latina. Somente neste ano, são mais de 1,4 milhões de infectados e 522 mortos, números que contrastam com os do ano passado, quando o número de casos ficou em 537 mil e houve 283 mortes. Somente nesta semana, 682 cidades brasileiras foram consideradas em "estado de risco" por causa da dengue.
O outro lado da moeda é o Uruguai, país que em toda sua história não teve casos autóctones, mas sim casos de pessoas que contraíram a doença durante viagens ao exterior. As autoridades detectaram, no entanto, a presença do mosquito transmissor em vários lugares do Uruguai.
O caso mais preocupante é o do Paraguai, que atravessa "a pior" epidemia de dengue de sua história, com 242 mortes até o momento em 2013, um número que já é três vezes maior do que em 2012. Os casos confirmados de infecção também aumentaram, passando de pouco mais de 30 mil, no ano passado, para 150 mil este ano, segundo números oficiais.
As estatísticas podem aumentar muito a partir de dezembro devido ao início do verão e pela possível chegada no Paraguai do sorotipo 4, que combinaria forças com o 2, o que aumentaria a gravidade da doença e o número de casos, segundo alguns especialistas.
Para preveni-lo, o governo paraguaio busca o envolvimento da sociedade civil em sua campanha de combate ao mosquito transmissor e prevenção, na qual investiu cerca de US$ 4,5 milhões.
Na Colômbia, que se mantém em "estado de alerta" permanente por causa da doença, há 112 mil casos, dos quais 2.812 são graves e 133 mortais, por isso vários municípios do país se declararam em estado de "epidemia", disse à Agência Efe José Pablo Escobar, assessor da OPS para doenças.
Na Venezuela foram registrados 50.398 casos até o momento em 2013, dos quais 1,1% são de dengue grave ou hemorrágica (529 casos).
O número representa um aumento frente aos 38.531 infectados no mesmo período do ano passado e é preocupante, pois apenas dois dos 23 estados, além do Distrito Capital, registram uma tendência de queda quanto ao número de casos.
Segundo os dados da OPS, o número de doentes de dengue na América Central este ano é de 161 mil, dos quais 4.654 são da variante hemorrágica e 50, mortais. No México são 194.051 os casos clínicos, dos quais 14.792 são hemorrágicos, e houve 66 mortes.
Na Argentina e no Chile houve, respectivamente, 7.519 e 33 infectados pela dengue, mas nenhuma morte. No Equador foram registrados 16.044 infectados e 23 mortos; no Peru, 11.816 infectados e 16 mortos, e na Bolívia, 12.370 infectados e oito mortos.
Até o momento se conhecem quatro sorotipos do vírus e não há vacina, por isso a única maneira de preveni-lo é destruindo os criadouros de mosquitos.
Por isso, Escobar garantiu que a única maneira de erradicar a doença continua sendo "uma melhoria nas condições de salubridade e o acesso à água potável segura", pois "é ali onde ocorrem os criadouros de dengue".
Nenhum comentário:
Postar um comentário